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Por Silas BrasileiroPresidente do Conselho Nacional do Café      

A Agência de Notícias Reuters, através do seu correspondente no Brasil Roberto Samora, publicou no dia 12 de maio, a manifestação de três representantes de grandes empresas, os quais fizeram colocações durante o XXIII Seminário Internacional do Café em Santos/SP, que nos leva a uma reflexão sobre o quanto o mercado é desinformado.

O primeiro, manifestou preocupações com relação à sustentabilidade e diversidade de origem. Como é notório, o Brasil é um dos poucos países cuja sustentabilidade da produção de café é, na sua totalidade, observada e cumprida. Com relação à diversidade de origem é sempre colocado como se o Brasil tivesse supremacia sobre os demais produtores, o que não é verdade, pois nosso país é o que mais investe na pesquisa, contando com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), empresas estaduais de pesquisa e universidades.

É importante ressaltar que vamos continuar investindo cada vez mais para termos maior produtividade em nossas lavouras e com menor custo de produção. Quanto ao compartilhamento de pesquisas com os demais países, acreditamos que cada um tem que tomar sua decisão, levando em consideração as características de solo, clima e o nível tecnológico de cada região, e se deve ou não investir na cafeicultura de seu país.

Com relação à mitigação da emissão de Carbono da atividade, é importante ressaltar que “há anos as pesquisas brasileiras têm buscado inserir diversas práticas de manejo agrícola que podem auxiliar na retenção do carbono, além dos sistemas agroflorestais. Por exemplo, destaca-se o sistema plantio direto, manejo de pastagens, utilização de materiais orgânicos (compostagem, bokashi, resíduos agroindustriais e biochar), plantas de cobertura, cobertura morta, manejo da fertilidade, bem como os sistemas agrícolas integrados – sistemas agroflorestais, silvo pastoris e de lavoura-pecuária-floresta, entre outros”, explica Natalia Carr, assessora técnica do Conselho Nacional do Café.

Dentro disso, é imperativo entender que os solos representam um importante reservatório de carbono, por isso, boas práticas de manejo sustentável voltadas ao sequestro e armazenamento de carbono no solo devem ser aplicadas. “As principais fontes de emissão são provenientes do uso indiscriminado de fertilizantes sintéticos nitrogenados, seguido de combustível fóssil e calagem. Práticas de conservação do solo são importantes ações capazes de mitigar as emissões de GEE da cultura do café. No Brasil, a agricultura tropical, as características do solo e outras peculiaridades estão sendo levadas em consideração para o desenvolvimento de manejos sustentáveis”, ressalta Natalia Carr.

O segundo comentário mostra que quem o fez conhece em parte como é a prática da colheita cafeeira no Brasil, que é feita de forma mecanizada ou semimecanizada, o que diminui o emprego de mão de obra. No entanto, se engana que produzir café é ter um fábrica sem teto. No Brasil é diferente, pois através dos investimentos em pesquisas foi possível desenvolver variedades resistentes às mudanças climáticas e pragas, além de aumentar a produtividade. Temos capacidade de abastecer o mercado podendo duplicar a oferta, desde que haja correspondência por parte do mercado consumidor, com preços compatíveis e que gerem renda para os produtores.

Com relação aos preços pagos pelo nosso café, cerca de 85% é transferido para nossos produtores. No entanto, os preços até hoje praticados são quase que insuficientes para cobrir os custos de produção. Há necessidade de reconhecimento por parte dos consumidores dos investimentos que são feitos para manter o cultivo do café e, nessa fase de transição, temos que considerar o elevado custo dos insumos, do pagamento para os prestadores de serviço e gratificar àqueles cuja atividade é produzir café. Então, temos que avançar mais, devemos colocá-los no princípio da renda digna.

Já o terceiro, levantou dúvidas quanto aos preços praticados na safra 2021/2022, esquecendo-se de que, além da queda de produção que teremos em 2022 – como reflexo das geadas de 2021 – os insumos, em alguns casos, triplicaram de preço. Em relação à evolução da produção de café no Brasil, também levantado pelo mesmo líder, gentileza observar o gráfico abaixo:

Gráfico 1 – Comparação entre área de produção versus produção de café ao longo dos últimos 20 anos no Brasil (Elaborado por João Paulo Paiva)

Em análise ao gráfico, nota-se que o aumento da produção é inversamente proporcional à redução da área, saindo de 31 milhões de sacas de café em 2001 para mais de 63 milhões de sacas em 2020. Ressalta-se ainda que houve uma redução de 2,17 milhões de hectares de área em produção de café em 2001 para 1,88 milhões de hectares em 2020, o que representa uma diminuição de 294 mil hectares de área cultivada. Esse resultado só foi possível ser alcançado em função do alto investimento em pesquisas que possibilitaram um aumento de produtividade de 14,36 sacas por hectare em 2001 para 33,48 sacas por hectare em 2020.    

Como o Conselho Nacional do Café tem colocado, as informações e comentários que frequentemente são publicados, quase nunca correspondem com a realidade da produção de café do Brasil.

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