Principal assunto tratado foi a proposta de lei da comunidade europeia que impõe sanções ao café brasileiro e de outros países produtores
O Conselho Nacional do Café (CNC) recebeu na quinta-feira, 04 de agosto, a visita do embaixador do Brasil em Londres, Marco Farani. Na pauta, destaque para a nova legislação que será votada no parlamento europeu em setembro, que impõe restrições ao uso de pesticidas, ao limite máximo de resíduos (LMR), ao desmatamento e à exigência de rastreabilidade, entre outros. Essas restrições afetam o consumo no mercado europeu, ficando sujeito à nova legislação.
Além do presidente do CNC, Silas Brasileiro, estavam na reunião o Diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Silvio Farnese e a assessoria técnica do CNC Natalia Carr, presencialmente, e no formato online participaram Carlos Augusto Rodrigues de Melo, Alexandre Monteiro, Lucio Dias e Mário Ferraz da Cooxupé, José Marcos Rafael Magalhães, Fabrício Alves e Frederico Caldeira da Minasul, Francisco Sérgio de Assis da Federação dos Cafeicultores do Cerrado e Ricardo Lima de Andrade da Cocapec.
Silas Brasileiro agradeceu a presença do Embaixador Marco Farani e do Diretor Silvio Farnese, e considerou como uma deferência especial o Embaixador se deslocar para comparecer ao escritório do CNC. Houve também participação ativa dos representantes das cooperativas, por videoconferência. “Marco Farani tem uma longa experiência diplomática, vem representando o Brasil como muita determinação, mostrando como o país produz dentro do princípio da sustentabilidade. Nosso Embaixador foi também um elo importante com destacado empenho para a aprovação do novo Acordo Internacional do Café (AIC)”, ressaltou o Presidente do CNC.
O Embaixador Marco Farani parabenizou o trabalho da produção de café brasileira, sua representação e a contribuição do Conselho Nacional do Café no envio permanente de informações que subsidiam seu trabalho.
No entanto, Farani alertou para a necessidade de o Brasil reconhecer que “quanto mais forte é o país na agricultura, mais barreiras e obstáculos vai enfrentar, pois o lobby dos países europeus é muito forte. Acontecerão medidas protecionistas que aparecerão frequentemente, sendo agora, uma delas, a legislação anti-desmatamento da União Europeia que está em tramitação no parlamento europeu. Este projeto de lei foi elaborado pela comissão europeia e está ficando cada vez mais restritivo”, explicou o Embaixador.
Atualmente, o projeto de lei em tramitação envolve seis commodities (café, carne, óleo de palma, soja, madeira e cacau), mas futuramente vai incluir outros produtos. “É um projeto incompreensível do ponto de vista político e de subsistência, pois ele afetará o preço das commodities, trazendo como consequência, o aumento de custos para o próprio consumidor europeu”, analisou.
Como o Brasil deve agir
Marco Farani alertou que a agricultura brasileira, periodicamente, vai enfrentar esses tipos de obstáculos, como sanções e barreiras comercias, e orientou que as entidades de classe do café participem do debate internacional. “A única forma de o Brasil enfrentar essas narrativas é o diálogo, é estar permanentemente participando de fóruns em geral, principalmente de sustentabilidade. Temos que estar inseridos no diálogo, é importante que os produtores, por meio das suas entidades, criem uma área de relações internacionais com técnicos capacitados e fluentes no inglês para participarem ativamente, defendendo a produção brasileira. Por isso, a participação do setor é fundamental”, disse o embaixador. Ele ressaltou ainda que o Brasil é muito rico e tem enorme potencial, que nenhum país europeu tem, “temos que levantar a cabeça e atuar firmemente nesse diálogo em parceria com o Itamaraty e os demais ministérios do governo e o setor privado”.
Carbono zero, pobreza zero
O embaixador ressaltou ainda que “Emissão Zero de Gás Carbono tem que estar acompanhada de pobreza zero. Devemos reduzir a emissão, mas garantir a alimentação”, apontou. Marco Farani acrescentou ainda que a Organização Internacional do Café (OIC) está elaborando um documento que será enviado à União Europeia em defesa da produção de café mundial.
Silvio Farnese comentou que este é um momento de diálogo e defesa da produção brasileira no exterior. “A iniciativa privada tem um papel fundamental e o governo também precisa estar presente no embate mostrando a sua capacidade”, defendeu.
O Superintendente Comercial da Cooxupé, Lúcio Dias, disse que esse nível de exigência do mercado europeu sobre os países produtores pode levar a transferência da industrialização do café e, de outros alimentos, para outros países, citando como exemplo a China. “Isso pode trazer graves consequências para Europa também. Como aconteceu com os químicos e medicamentos, daqui a pouco pode acontecer com os produtos alimentícios, de uma forma generalizada”, analisou.
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