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Palavra do presidente

Mais um ano se encerra e a avaliação que fazemos é positiva, mesmo que tenhamos vivido muitos desafios. Está longe de ser o momento de preços ideais no mercado ou de termos os maiores volumes de produção. No entanto, não podemos perder de vista que em 2022 avançamos significativamente em áreas fundamentais para a cafeicultura moderna que o mundo exige.

Os programas e projetos sustentáveis ganharam força, dando espaço para a agricultura regenerativa, com o Brasil exportando o primeiro café do mundo com essa certificação. Os tão esperados estudos do Café Carbono Neutro tiveram, no ano que se findou, resultados melhores do que se imaginava, já que os experimentos científicos apresentados na 1ª Jornada do mercado e o café Carbono Neutro, promovido pela Monteccer, são animadores e, a participação ativa do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil – Cecafé, representando a exportação de café e a sua presença nos diversos Fóruns internacionais demonstrou-se como é sustentável a produção de café em nosso País.

Para o Conselho Nacional do Café, o tema sustentabilidade foi mais que uma bandeira. Há um ano, o Programa Café Produtor de Água foi lançando com uma experiência vitoriosa. Ele foi idealizado pelo CNC – como braço operacional do setor de cooperativismo da produção de café – da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Banco Sicoob), da Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerias (EMATER-MG), da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), da Prefeitura Municipal de Alpinópolis – MG e dos demais parceiros. Após um ano de experiência, o projeto piloto, realizado em parceria com a Cooxupé e a Prefeitura Municipal de Alpinópolis (MG), já colhe frutos fundamentais para o desenvolvimento da cafeicultura sustentável.

Promovemos, com o apoio dos parceiros, cursos e treinamentos de capacitação, colhendo resultados positivos, como recuperação de estradas vicinais, construção de cacimbas nas propriedades dos produtores que participam do projeto piloto e palestras orientativas, quanto ao uso de insumos, focando sempre na proteção de EPI’s para garantia da saúde do trabalhador.

No âmbito da política cafeeira, tivemos diversas reuniões do Comitê Técnico e do Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC, como resultado obtivemos orçamento recorde do Funcafé e o aumento do limite nas Cooperativas em suas operações com cooperados de R$ 30 para R$ 50 milhões de reais, o que possibilitou mais recursos para os produtores.

Outro destaque da atuação do CDPC no ano foi a aprovação do remanejamento dos valores nas linhas de financiamento do Funcafé, sem necessidade de encaminhamento de voto para alterações no Conselho Monetário Nacional (CMN). O CDPC tem o papel de definir o remanejamento dos recursos do Funcafé, pois ele é representado por membros do Governo e da iniciativa privada.

Como desafio, os dois últimos anos foram marcados por intempéries climáticas adversas, que causaram grandes transtornos para nós produtores, inclusive com forte especulação de mercado, no entanto, destacamos o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através do comando da Ministra Tereza Cristina, a quem não só o café, mas o Agronegócio Nacional reconhece todo seu esforço, dedicação e apoio, sendo que o Conselho Nacional do Café esteve sempre presente no Ministério, discutindo as causas maiores da inquietude da produção, contando também com o Ministério da Economia, de Relações Exteriores e participação ativa da iniciativa privada, que compõem o CDPC.

Com a saída da Ministra Tereza Cristina, para candidatar-se a uma vaga do Senado Federal, assumiu o cargo de Ministro, também um amigo pessoal, dedicado e competente que continuando a política em benefício da cafeicultura manteve todo o quadro técnico, Marcos Montes, garantiu uma transição sem transtorno para a produção de café.

Em julho, realizamos um evento histórico. Trata-se do 1º Ciclo de Debates da Produção Sustentável com foco na limitação do uso de pesticidas, promovido pelo CNC em parceria com a OCB, CNA e demais representantes do Ministério da Agricultura, do Meio Ambiente, da ANVISA e da Indústria, com o apoio do Senhor Ministro Marcos Montes, que presidiu o evento, no auditório Senador Jonas Pinheiro no MAPA.

A realização do seminário teve por finalidade discutir a retirada de moléculas impostas por parte da Rainforest Alliance e da Plataforma Global do Café, à partir de 2023 a 2030, respectivamente, sem oferecer o registro de outros pesticidas a exemplo do Endosulfan, que causou aumento de custos e não ofereceu opção de produto similar com a mesma eficiência.

Outra grande conquista para a cafeicultura nacional foi a eleição da brasileira Vanusia Nogueira como Diretora Executiva da Organização Internacional do Café (OIC).

O CNC esteve na Colômbia e sentiu o apoio que a nossa Diretora está recebendo de todos os delegados mundiais para implantação da visão estratégica sugerida para os próximos anos. Foi nítido o quanto eles estão acreditando nessa gestão, eles avaliam que ela vá de fato modernizar a OIC, deixando-a mais dinâmica e eficiente. Também foi assinado o novo Acordo Internacional do Café (AIC), que vigorará a partir de 2024, substituindo o assinado em 2007, propondo alterações com a integração de novos Players, Traders, Organizações Não Governamentais, todos eles tendo direito a voz e participação nas propostas de plenário da OIC, contudo, não tem direito a voto, permanecendo assim uma organização Governamental.

Em Bogotá, os líderes globais do café aproveitaram o encontro para discutir os desafios atuais para a produção cafeeira mundial. O Brasil através do CNC propôs como desafios principais os pontos que podem ser vistos na integra através do link:  https://cncafe.com.br/wp-content/uploads/4o-Forum-de-CEOs-e-Lideres-Globais-1.pdf.

O café também foi destaque na Exposição do Bicentenário da Independência do Brasil, promovida pela Biblioteca Nacional da Agricultura (Binagri), momento em que o Conselho Nacional do Café produziu as peças que fizeram parte da mostra, que foi exposta no túnel de acesso ao Edifício Anexo do Mapa.

Estivemos presentes também em diversos encontros técnicos, seminários e feiras durante o ano. Em todas as oportunidades de fala, tivemos como foco a defesa do produtor de café com preços remuneradores, de nossas lideranças cooperativas e associações.

Por fim, registramos que além dos desafios climáticos, instabilidade de preços com mercado especulativo, pouca oferta de insumos com elevado custo, comprometendo a renda do produtor, temos como maior produtor de café do mundo e segundo consumidor o compromisso de acreditar e construir uma política com visão futura de um produto que foi a base do desenvolvimento da grande nação brasileira.

Atenciosamente,

SILAS BRASILEIRO

Presidente Executivo

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