O Conselho Nacional do Café (CNC) está acompanhando as exigências do mercado e muito de perto a Alemanha, que está focada no trabalho análogo à escravidão, envolvendo a exploração infantil e de mulheres. A exemplo das exigências da União Europeia, o CNC foi um dos primeiros órgãos nacionais a alertar sobre a possibilidade de embargos a cafés brasileiros nos países do bloco europeu.
Nesta semana, o Conselho realizou duas importantes reuniões com empresas estrangeiras que irão desenvolver programas, projetos e ferramentas de sustentabilidade no Brasil, em busca de atender às exigências dos compradores de café internacionais. O trabalho do CNC tem sido no sentido de mostrar aos países compradores o princípio da sustentabilidade da produção de café brasileiro, mostrando que é possível aplicar a tão comentada share responsability (responsabilidade compartilhada).
A primeira foi com a Optionline. Com foco em rastreabilidade, biotecnologia, sustentabilidade e pegada de carbono, a empresa informa que foi construído um extenso banco de dados que contempla 6,6 milhões de propriedades no Brasil, não só de café, com cerca de 127 milhões de áreas demarcadas com vegetação nativa, reservas legais e áreas de preservação permanente.
A conferência aconteceu online e contou com a participação de Silas Brasileiro (presidente do CNC) e Natalia Carr (assessora técnica), Ronaldo Ghisserman, Luiz Grossmann e Tallis Arruda (representando a Optionline).
Luiz Grossmann explicou que são utilizadas imagens de satélite integradas com dados fornecidos pelo INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e estações meteorológicas do Brasil, sendo possível identificar áreas preservadas ou que sofreram algum tipo de intervenção.
Com os dados cruzados é possível identificar casos de desmatamentos a partir de 2020, sendo possível comprovar se regiões indígenas, amazônicas, entre outras, foram realmente impactadas pelo agronegócio. Outro estudo importante é o cruzamento de dados com o Ministério do Trabalho, sendo possível verificar a incidência de trabalho análogo à escravidão.
O outro encontro aconteceu com a Fundação Solidariedad (representada por Gabriel Dedini e Paula Freitas), empresa holandesa selecionada entre as que participaram de uma licitação para verificar in loco, como é a produção do café brasileiro e seu comprometimento com os projetos voltados à sustentabilidade. Ela terá um período de seis meses para apresentação de um relatório independente, mas com visitação presencial a propriedades produtoras, nesse caso, focando a região da Mogiana Paulista e Mineira, convidando inclusive, entidades representativas do setor produtivo do café, entre elas, o Conselho Nacional do Café, que fará parte em reuniões presenciais e virtuais acompanhando esse trabalho que é de extrema importância, “pois teremos a oportunidade de mostrar no campo em contato com produtores e trabalhadores, a observância de um sistema produtivo voltado, principalmente para o social”, relata Silas Brasileiro.
Segundo ele, isso vai contribuir para a aplicação da nova legislação aprovada pelo Parlamento Europeu em sua regulamentação. Será verificado se houve áreas desmatadas após a data limite (a partir de 2020) em áreas produtoras de café, mas “isso não nos preocupa, pois teremos oportunidade de participar desse trabalho como representantes da produção de café”, explica o presidente do CNC.
Silas Brasileiro ressalta ainda que a agência de cooperação alemã (GIZ) recomenda isenção total de influência sobre o relatório a ser construído, “o que nos deixa de certa forma confortáveis, pois a preocupação do CNC não é somente de oferecer informações para o mercado, principalmente o europeu, mas demonstrar fisicamente, no campo, aquilo que nós temos aplicado permanentemente”.
“Somos um país continental, com clima tropical, 16 estados produtores, 6 biomas diferentes. Temos que ter muito cuidado com a avaliação e implantação dos projetos. Trabalhos como esses promovem a possibilidade de que o mercado avalie in loco a seriedade do produtor brasileiro”, finalizou o presidente do Conselho Nacional do Café.
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