BrasíliaBrasíliaSão Paulo SCN Qd. 01, Bl C, nº 85, Ed. Brasília Trade Center - Sl. 1.101 (61) 3226-2269 R. Treze de Maio, nº1558 - 6º andar Bela vista (11) 3284-6800
presidente@cncafe.com.br

Especial Café: preços devem reagir neste ano, após atingirem `fundo do poço´ em 2019

Notícias – Café na Mídia

Por Tomas Okuda

Os preços do café devem reagir em 2020, mas não necessariamente voltar ao patamar de 2018. Em 2019, as cotações futuras do arábica, o café mais negociado no mundo, atingiram os níveis mais baixos em cerca de uma década na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Em grande parte, a queda se deveu ao Brasil, maior produtor e exportador da commodity, que colheu safra recorde em 2018, de cerca de 62 milhões de sacas de 60 quilos, e que foi vendida ao longo de 2019, pressionando as cotações internacionais.

No ano passado, o País colheu 20% menos – a safra foi de bienalidade negativa (o café arábica alterna ano de grande produção com outro de colheita menor) – e a menor oferta ajudará na reação de preço. Por enquanto, as cotações internacionais seguem relativamente baixas porque o mercado já considerava a queda no volume a ser ofertado pelo Brasil. Algumas incertezas, no entanto, começaram a chamar atenção. As floradas dos cafezais brasileiros, entre agosto e outubro, que vão dar origem aos grãos da safra 2020, não ocorreram como os produtores esperavam porque o clima não ajudou. Além disso, o consumo global mostra-se firme, em ritmo mais forte do que a produção.

Assim, o mercado começa a mostrar reação em Nova York. Do fim de outubro até dezembro, o contrato futuro para março/20, o mais negociado na bolsa, subiu 2.705 pontos (25,6%), fechando no dia 27 de dezembro a 132,50 centavos de dólar por libra-peso. O analista do Rabobank, Guilherme Morya, destacou que, nesse contexto, a falta de qualidade da safra 2019 foi decisiva para puxar as cotações para cima. “Foi uma boa colheita (brasileira), mas sem qualidade”, disse.

É pouco provável, porém, que ocorra uma explosão das cotações do café em 2020. Na avaliação do Rabobank, os cafeicultores brasileiros devem colher outra grande safra em 2020, de bienalidade positiva. “Apesar da leve ocorrência de geada em julho de 2019 e das floradas isoladas no fim de agosto, os danos à produção podem ser parcialmente compensados por novas áreas que devem entrar em produção em 2020, impulsionadas na época de bons preços em 2016”, informou. A instituição projeta safra de cerca de 66,7 milhões de sacas, o que pode contribuir para segurar as cotações.

Mas a melhora de perspectiva em relação à 2019 pode ser creditada ao consumo mundial de café, entre outros fatores. Segundo o Rabobank, nos últimos cinco anos a demanda global apresentou um crescimento médio anual de 3,5 milhões de sacas. Estudos preliminares indicam um superávit global de apenas 2 milhões de sacas, volume considerado baixo pelo Rabobank, em se tratando de uma bienalidade positiva no Brasil. Em 2018, ano de safra recorde no País, o superávit foi estimado em 6,6 milhões de sacas.

O Rabobank deve rever a estimativa de cotação de 122 centavos de dólar a libra-peso ao longo de 2020. “Podemos ter subestimado (o potencial de alta)”, comentou Morya. No entanto, o banco considera que não há fundamento consistente para elevar a média das cotações muito acima de 140 cents.

Um fator baixista é que alguns países, como os da América Central, a Colômbia e o Vietnã, vão concentrar a exportação no primeiro trimestre do ano, entressafra no Brasil. “Honduras teve exportação recorde já em novembro e a safra colombiana deve chegar com força ao mercado. Isso pode jogar os preços para baixo”, explicou o pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), Celso Luiz Vegro, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.

Vegro destacou, ainda, que os estoques de café nos países consumidores “estão comportados”, dificultando uma possível “estilingada” nas cotações. “Alguns analistas consideram que a alta de preço está próxima de saturação”, informou.

O pesquisador vê um movimento de compradores internacionais, os quais têm avaliado como elevado o risco de ficar refém de Brasil e Vietnã, os dois maiores produtores mundiais de café. “Preço sobe meio que para frear essa espécie de monopólio. A questão é que preço impediria o Brasil de crescer mais, pois a alta nas cotações favorece a produção do Brasil, principalmente”, observou.

O diretor da exportadora Comexim nos Estados Unidos, Rodrigo Costa, em seu ultimo relatório de 2019 para o mercado de café, estimou que as cotações não devem voltar novamente para menos de 110 cents em 2020. “Tudo indica uma mudança significativa do intervalo de negociação de Nova York, que provavelmente não deverá voltar para abaixo de 110 centavos de dólar por libra-peso. Assim se resolveriam as imaginadas perdas futuras de produção, podendo, desta forma, encontrar mais resistência acima de 130 cents.”

Leave a Reply