Broadcast Top News – O dólar pode ficar volátil no mercado doméstico. A abertura pode ser em baixa após ganhos acumulados em fevereiro e este ano e diante da queda do dólar ante moedas emergentes e ligadas a commodities. Mas o índice DXY do dólar ante seis divisas rivais, os juros dos Treasuries e as bolsas internacionais avançam, após a aprovação pela Câmara dos Representantes dos EUA do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão proposto pelo presidente Joe Biden, que segue agora para o Senado. Traz otimismo também a autorização para o uso emergencial da vacina contra a covid-19 da Johnson & Johnson nos EUA. O imunizante é o terceiro aprovado para uso no país, junto ao da Moderna e o da Pfizer, e o primeiro a demandar apenas uma dose.
Aqui, há fatores que podem apoiar um pano de fundo de cautela e alta do dólar ante o real. as atenções dos investidores ficam no rendimento dos juros dos Treasuries de longo prazo, que alimentam expectativas de alta da inflação e de juros nos EUA, e nas negociações no Senado em torno da PEC Emergencial, que inclui o auxílio emergencial, e poderá ser ainda mais desidratada antes da votação, prevista para quarta-feira.
O governo se comprometeu a preservar os gastos mínimos com saúde e educação, mas quer manter os gatilhos para congelar gastos públicos, outro alvo de críticas no Senado. O parecer prevê o acionamento automático de gatilhos, como congelamento de salários de servidores públicos e concessão de novos subsídios, quando a despesa obrigatória superar 95% do total. Há pressão de bancadas para fatiar a PEC e aprovar só o benefício agora, deixando as medidas de contenção para depois, o que o governo quer evitar. Mas parlamentares governistas avaliam que será difícil votar o relatório da proposta sem fatiamento, segundo a Coluna do Estadão.
O ex-presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) prevê que será muito difícil o Congresso aprovar a PEC do auxílio emergencial com as contrapartidas fiscais sem o presidente Jair Bolsonaro assumir a responsabilidade e defender as 17 medidas de cortes de gastos que estão no parecer apresentado pelo relator, senador Márcio Bittar (MDB-AC). A PEC é uma condição da equipe econômica para liberar uma nova rodada do auxílio emergencial, que pode ficar em R$ 250, em quatro parcelas, a partir de março, segundo afirmou o presidente Jair Bolsonaro em Live nas redes sociais na última quinta-feira.
A expectativa é de que o Copom poderá elevar a Selic já em sua reunião deste mês (dias 16 e 17) e os dados do PIB brasileiro, na quarta-feira, podem ajudar na calibragem das apostas para a taxa básica e a recuperação da economia interna. Deve pesar ainda o grave quadro da covid-19 no País, onde vários estados e o Distrito Federal adotaram lockdown. À tarde, os números da balança comercial de fevereiro (15H) podem voltar a ter superávit, conforme apurou o Projeções Broadcast, com mediana de US$ 1,0 bilhão. O governo deve publicar hoje medida reduzindo tributos federais sobre o diesel e o gás de cozinha (GLP). Na Pesquisa Focus, hoje, houve alteração na projeção para câmbio para fim de 2021, de R$ 5,05 para R$ 5,10; a mediana das projeções do IGP-M de 2021 foi de 8,02% para 8,88%; e os preços administrados em 2021, de alta de 5,10% para 5,15%.
Na sexta-feira, o dólar fechou em alta de 1,66%, a R$ 5,6055 no mercado à vista, acumulando valorização de 2,39% em fevereiro e de 8,03% no ano. Esse nível de câmbio é o que tem causado revisões para cima nas projeções de inflação para o ano e, portanto, pressionado as taxas de juros de curto prazo, que já embutem apostas minoritárias de aumento de 0,75 ponto porcentual da Selic no próximo encontro do Copom. O risco fiscal, além de aumentar os prêmios na parte longa da curva a termo, agrava ainda mais os temores em relação à disparada dos preços.