Notícias – Café na Mídia
Desde o início deste mês, os preços externos e internos do café arábica vêm registrando fortes oscilações.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o contrato Maio/20 do arábica chegou a registrar alta de 1.085 pontos entre 2 e 3 de março, voltando a superar os 120 centavos de dólar por libra-peso. Esse aumento esteve atrelado a ajustes de posições e à queda das exportações mundiais do grão, como apontado no dia 2 pela Organização Internacional do Café (OIC).
Nestes mesmos dias 2 e 3, os preços do café arábica também subiram com força no mercado interno, retornando aos patamares verificados em dezembro de 2019. No dia 3, o Indicador CEPEA/ESALQ do café tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, atingiu R$ 548,53/saca de 60 kg.
Esse cenário, aliado ao dólar elevado, estimulou o fechamento de um maior volume de negócios no spot nacional e também para as entregas futuras para meados de 2020 (para as regiões com menor volume de café comercializado nessa categoria), 2021 e 2022.
Já do meio da semana passada em diante, os valores externos voltaram a cair e perderam 1.480 pontos, com o vencimento Maio/20 fechando a 107,40 centavos de dólar por libra-peso na sexta-feira, 6 – nessa segunda, o contrato se recuperou um pouco, fechando a 109,20 centavos de dólar por libra-peso. Além da realização de lucro por parte dos fundos, a pressão para as quedas na semana passada veio também do novo recorde nominal do dólar (R$ 4,745) e de estimativas indicando alta produção brasileira em 2020/21.
No Brasil, o Indicador CEPEA/ESALQ chegou a recuar 23,23 Reais por saca (ou -4,2%) entre 3 e 6 de março, fechando a R$ 525,30/sc no dia 6. Nessa segunda-feira, 9, voltou a subir, indo para R$ 532,71.
Agentes consultados pelo Cepea esperam preços mais remuneradores até o final da safra 2019/20. Na parcial da temporada (de julho/19 a fevereiro/20), a média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica é 6,7% superior ao do mesmo período da temporada 2018/19, em termos reais (valores reais deflacionados pelo IGP-DI de jan/20).
Apesar da aproximação da colheita, um volume mais expressivo de cafés bons e finos da safra 2020/21 pode chegar ao mercado apenas em junho, enquanto a disponibilidade atual destes grãos na safra 2019/20 já é bastante limitada no mercado. Até 6 de fevereiro, o volume de café arábica comercializado da atual temporada nas praças acompanhadas pelo Cepea variava de 85 a 90% do total.
ROBUSTA – Os preços do café robusta têm registrado variações menos intensas que as do arábica, devido à forte retração de agentes, que, por sua vez, se afastaram do mercado diante do fraco desempenho dos preços internacionais e da demanda mais controlada. No entanto, negócios com entrega para julho e agosto de 2020 foram fechados nos últimos dias.
Nessa segunda-feira, 9, o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6 peneira 13 acima, fechou a R$ 311,00/sc de 60 kg, baixa de 0,7% em relação à segunda anterior. O tipo 7/8 bica corrida foi de R$ 299,80/sc, 1% inferior no mesmo período – ambos a retirar no Espírito Santo.
No cenário externo, os preços seguem em queda, influenciados pela expectativa de oferta mais confortável, especialmente no Vietnã, onde produtores ainda detêm cerca de 30% a 40% da safra, segundo agências de notícias internacionais.
No Brasil, produtores têm cerca de 10% a 15% da safra corrente. Apesar disso, muitas indústrias estão abastecidas e a colheita do robusta deve ser iniciada antes do previsto – no final deste mês em Rondônia e em abril no Espírito Santo. Esse cenário mantém as expectativas de preços mais baixos para os próximos meses.
Análise do mercado cafeeiro elaborada pela Equipe Café CEPEA/ESALQ.
Equipe: Dra. Margarete Boteon, Laleska Moda, Renato Garcia Ribeiro e Fernanda Geraldini.