Comitê de Sustentabilidade do conselho discute projeto da Embrapa e analisa Plano ABC+ em que o Brasil amplia meta de redução de emissão de carbono no agro
A semana se encerra com o assunto sustentabilidade em alta. A COP26 (Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) se aproxima e o 26º encontro acontecerá entre os dias 31 de outubro a 12 de novembro, na cidade de Glasgow, na Escócia. O evento ocorre anualmente, tendo que ser adiado em 2020 por conta da pandemia de COVID-19. A conferência reúne 197 países para debater assuntos sobre as mudanças climáticas e como serão solucionados os efeitos que elas causam.
O Brasil irá propor reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário. Essa meta foi definida pelo Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, chamado de ABC+, para o período de 2020 – 2030. O valor é sete vezes maior do que o plano definiu em sua primeira etapa na década passada.
O plano ABC+ é a segunda etapa do Plano ABC, que foi realizado entre 2010 e 2020 e comprovou resultados para além do previsto, mitigando cerca de 170 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em uma área de 52 milhões de hectares, superada em 46,5% em relação à meta estabelecida. O ABC+ será apresentado pelo Brasil durante a COP 26.
Segundo a coordenadora de Mudanças Climáticas, Florestas Plantadas e Agropecuária Conservacionista do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fabiana Villa Alves “todas as tecnologias propostas no Plano ABC+ atendem o tripé da sustentabilidade em seu fator ambiental, social, econômico”.
CNC discute semanalmente Carbono Neutro
O Conselho Nacional do Café (CNC) tem promovido encontros fundamentais para a discussão do tema “redução/neutralização de emissão de carbono no cafeeiro”. Em parceria com a Embrapa, o Comitê de Sustentabilidade do CNC se reuniu nesta semana com a pesquisadora Dra. Arminda Moreira de Carvalho (Embrapa Cerrado), que apresentou o projeto coordenado por ela “Balanço de carbono e emissão de gases de efeito estufa (GEE) na cafeicultura do Cerrado”. As pesquisas realizadas até aqui já quantificaram as emissões e mostraram a capacidade das lavouras em estocar carbono.
Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), destaca que as cooperativas estão se interessando cada vez mais em apoiar o produtor para que práticas sustentáveis sejam mais comuns na cafeicultura. “Devemos ter em mente que sustentabilidade não é apenas preservação do meio ambiente. Há um tripé ambiental, social e econômico que devemos seguir. Portanto, os cafés sustentáveis e com emissão neutra de carbono, por exemplo, precisam remunerar o produtor de forma diferenciada, pois é o que acontece em outras cadeias produtivas. Muitas vezes, um produtor aplica todos os conceitos na sua propriedade, enquanto seu vizinho polui de forma irresponsável, mas lá na ponta o valor do produto é igual. Consideramos isso injusto. Vamos buscar planos de remunerar o produtor para que ele preserve, mas seja melhor remunerado, pois seu café é diferenciado”.
Em nota, o Mapa destaca que “com o aumento da produtividade, o produtor se beneficia com a eficiência no uso dos recursos naturais, fatores quase que exclusivos para a produção no campo. É a partir deles, agregados a um sistema que mitiga ou neutraliza o carbono, que o produtor obtém reconhecimento e valorização do seu produto no mercado”.
Crédito especial
A Diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, Mariane Crespolini, destaca que a difusão das tecnologias e o fortalecimento das ações serão trabalhados estrategicamente via assistência técnica e capacitação com o apoio dos entes federados. Segundo ela, os produtores ainda podem contar com um eixo de acesso a crédito e financiamentos via Programa ABC e outras linhas de crédito para a adoção e estímulo dos sistemas produtivos sustentáveis.
Ainda de acordo com o Ministério da Agricultura, tanto a gestão quanto a operacionalização do ABC+ no território nacional envolvem o apoio efetivo do Mapa junto a grupos gestores estaduais, fortalecendo a estruturação de uma rede capilar de governança integrada à política nacional. Assim, o monitoramento e governança evoluem com a sistematização e avaliação dos resultados em sistema informatizado, que será retroalimentado com dados captados por satélites e drones, por exemplo. “Sob o comando da nossa Ministra Tereza Cristina, o Mapa tem realizado um trabalho incomparável. Os servidores e a equipe técnica estão empenhados em fazer o melhor para o Brasil, tendo olhar diferenciado para o produtor, sem perder o foco nos interesses da nação. A pasta hoje é uma das responsáveis para o avanço inconteste do Brasil no mercado internacional, e tem sido basilar na sustentação do país que enfrenta grande crise”, finaliza Silas Brasileiro.
Ascom CNC com informações do MAPA