O Conselho Nacional do Café (CNC) realizou várias reuniões importantes durante esta última semana. Em todas as oportunidades, a entidade defendeu o interesse da cafeicultura nacional, em especial, da produção através do apoio às pautas das cooperativas e associações.
Reunião com o embaixador do Brasil em Londres, José Augusto Silveira de Andrade, e com os conselheiros Heitor Granafei e Antônio Carlos de Souza Leão
Na reunião, o Conselho Nacional do Café colocou para os representantes da Rebraslon (Representação Permanente do Brasil junto aos Organismos Internacionais em Londres), temas de maior relevância para o setor do café brasileiro.
Sendo a preocupação maior, a proposta discutida em um grupo central de partes interessadas na Força-Tarefa Público-Privada (CPPTF) da Organização Internacional do Café (OIC) sobre rendimento mínimo (living income). “O senhor embaixador e seus conselheiros colocaram a matéria em pauta e ouviram a opinião do CNC como representante dos produtores, se ela deveria prosperar ou se devíamos manifestar contrário, visto que estão querendo impingir, através desse grupo, proposta que poderá até causar ingerência na política interna dos países produtores”, explicou Silas Brasileiro.
“Ao tomarmos conhecimento da documentação proposta na Força-Tarefa público-privada, notamos que algumas sugestões são até contraditórias: se fala em uma remuneração mais justa para o produtor e, ao mesmo tempo, temem pelo aumento da área cultivada”, ressaltou o presidente do CNC.
No entanto, é consenso que esses assuntos devem ser amplamente discutidos com especialistas que possuam domínio sobre renda, proteção ambiental e questões sociais. É fundamental envolver os principais interessados para encontrar soluções efetivas. Por isso, a importância do CNC no processo de diálogo.
“Vale ressaltar que o documento em questão não representa uma posição oficial da Força Tarefa nem da Organização Internacional do Café (OIC). No entanto, chamou a atenção o fato de que pouco ou quase nada foi mencionado sobre o preço que será pago aos produtores. Com 44 países produtores, cada um com sua própria legislação – ou mesmo a ausência dela em muitos casos – em relação a direitos trabalhistas, salários, benefícios e proteção social, torna-se desafiador calcular o custo de produção”, reforçou Silas.
Além disso, as características dos solos, áreas cultivadas, diversidades climáticas e fertilidade variam consideravelmente entre os países, o que dificulta ainda mais essa estimativa, uma vez que o custo de produção também está relacionado ao custo de vida de cada nação.
Outro ponto que cabe discussão é a política de preço mínimo. Segundo Silas Brasileiro o modelo não se enquadra na realidade da economia atual. “Em pleno século XXI, falar em preço mínimo de garantia de renda sem conhecimento do custo de produção é praticamente inviável. Talvez, a melhor forma de avaliação é considerar a lei de oferta e demanda”, avaliou.
O presidente do CNC analisou também outras propostas que estão sendo discutidas, cabendo uma firme posição da representação brasileia. “Notamos também diversas citações sobre a participação de governos intervindo na iniciativa privada, o que achamos incabível. Envolvimento de ONGS que somente criam amarras na busca de oferecimento de propostas ou ações é um perigo por não conhecerem a realidade do campo. Direitos humanos e sustentabilidade sim, propor mudanças culturais e transformação social, levará séculos. Mas, mesmo que seja necessário tempo, é fundamental que ações que visam estes objetivos sejam realizadas”.
Por fim, foi destacado o modelo bem-sucedido de associação de pequenos produtores em cooperativas, amplamente praticado no Brasil. Valorizar essas representações, em conjunto com os setores de produção, indústrias (torrefação, moagem e solúveis) e exportação, em parceria com o governo, foi apontado como uma proposta inteligente para fortalecer a cadeia produtiva do café.
CNC e CCSI traçam novos passos para o Plano Nacional de Sustentabilidade na cafeicultura
Outra importante reunião realizada durante essa semana foi entre o CNC e CCSI (representantes da Universidade de Columbia. Foram traçados novos passos para o Plano Nacional de Sustentabilidade na cafeicultura.
O projeto é uma realização da Columbia Center on Sustainable Investment (CCSI), coordenado por John Erik Herron, desenvolvido pelo professor Jeffrey Sachs e apoiado por Ana Claudia Cunha Costa, Antonio Claret (da Wise Responder) e Gonzalo Antonio Aguirre Anelli. O Conselho Nacional do Café é o representante oficil do Brasil no projeto.
Sobre o projeto
- Visa avaliar sete parâmetros: sustentabilidade no café; acesso à educação; acesso à saúde universal; acesso à energias renováveis; saneamento básico; acesso à informação e tecnologia e proteção social;
- Fazer um compilado de informações sobre a cafeicultura e com isso criar um “livro de mão – handbook” que será como um guia para integrantes do setor e empresas para tomada de decisões ou sugestões de adaptações para melhorias no setor;
- O estudo no Brasil servirá de modelo também para outros países produtores de café;
- O estudo também está sendo realizado na Colômbia e na Costa Rica, em ambos, assim como no Brasil, foi selecionada apenas uma região para coleta de informações;
- Serão usados índices da ONU e FAO para as análises.
Inicialmente, no Brasil, a cafeicultura do Cerrado Mineiro será analisada e servirá como parâmetro de boas práticas a serem adotadas nos demais países produtores de café do mundo.
CNC participará como representante do Brasil em reunião da GCP na Alemanha
O Conselho Nacional do Café (CNC) reuniu-se com os representantes da GCP Brasil, Tamara Barim e Eduardo Matavelli, em preparação para a GCP Action Week e a Assembleia de membros do Country Congress. O evento está agendado para a semana do dia 26 de junho em Bonn, Alemanha. O CNC desempenhará um papel de destaque na defesa dos produtores, evitando propostas que onerem a produção, participando de um painel como representante dos membros da GCP Brasil, juntamente com outros quatro países: Honduras, Indonésia, Quênia e Vietnã.
Durante o painel, o CNC responderá a duas perguntas-chave. A primeira pergunta se refere aos principais desafios enfrentados pelos cafeicultores brasileiros na produção de café sustentável. O Conselho terá a oportunidade de expor os obstáculos enfrentados pelos produtores brasileiros, quando se criam regras que oneram a produção sem se falar em remuneração justa devida para o cumprimento das exigências de mercado.
A segunda pergunta aborda o Plano Nacional para Prosperidade dos Cafeicultores e sua importância na solução dos desafios. O CNC tem mostrado para o mercado consumidor que ainda estamos discutindo a renda mínima, enquanto o mesmo mercado, sem passar pela renda digna, já entra nos aspectos de prosperidade dos cafeicultores. O princípio da sustentabilidade – como as boas práticas agrícolas – social e ambiental, tem sido mostrado permanentemente para os consumidores. Assim, devemos focar na renda próspera como objetivo a ser alcançado no futuro.
A participação do CNC na GCP Action Week inclui discutir sobre a resolução dos problemas de negócios de forma compartilhada, por meio da ação coletiva para a prosperidade e sustentabilidade dos agricultores. Além disso, o Conselho Nacional do Café busca conhecer as oportunidades e próximos passos que serão apresentados pela GCP com vistas a 2030.
Durante o evento, os participantes terão a oportunidade de se inteirarem sobre os Planos Nacionais da GCP, que serão discutidos para que não onerem os cafeicultores. Também serão realizadas sessões de mesa redonda para explorar a abordagem da GCP “Rumo ao fornecimento sustentável e renda digna” e compreender as principais barreiras à prosperidade do agricultor na origem, conforme relatado pelos representantes das plataformas dos países participantes.
A GCP Action Week oferecerá uma oportunidade de discussão aberta, onde o Conselho fará as suas colocações, junto aos novos membros, no que tange as imposição impingidas pelas novas legislações. Com um dia inteiro de aprendizado e intercâmbio, espera-se que o evento fortaleça a colaboração e a busca conjunta por soluções para os desafios enfrentados pelos cafeicultores em sua jornada rumo à sustentabilidade.
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