Contando com a presença de representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/MG) e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA, foi lançado oficialmente nesta quarta-feira, 08/12, o Programa “Café Produtor de Água”.
O projeto sugerido será gerido pelo Conselho Nacional do Café (CNC) e, incialmente, será implantado nas lavouras de produtores associados da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé – Cooxupé.
Um novo marco para a cafeicultura sustentável nacional. O Programa “Café Produtor de Água” tem sido assim considerado por produtores, cooperativa, associações e demais entes da cadeia produtiva.
O programa visa atender ao princípio da sustentabilidade, que atualmente é discutido com a sociedade como meio de preservação da vida, pois dentre os bens mais destacados tem-se como o principal, a preservação dos nossos mananciais. O “Café Produtor de Água” busca viabilizar a implementação de práticas e manejos conservacionistas e de melhoria da cobertura vegetal, que contribuam para o abatimento efetivo da erosão e da sedimentação, e para o aumento da infiltração de água no solo.
Responsabilidade compartilhada
Não há outro tema mais em evidência na atualidade do que sustentabilidade. Porém, ela tem um custo, o qual não pode ser suportado exclusivamente pelos produtores de café. A água beneficia não só a área rural, mas também a urbana, gera vida e bem-estar, direta ou indiretamente, não só no Brasil, mas em todo o mundo.
O tema share responsability, responsabilidade compartilhada, é uma prática justa e que vem sendo muito debatida pela sociedade. Essa atitude proporciona a criação de cadeias de abastecimento globais, verdadeiramente sustentáveis, baseados em uma abordagem de responsabilidade compartilhada para que os custos e benefícios da certificação sejam distribuídos de maneira mais uniforme entre os agricultores e compradores ao longo da cadeia de abastecimento.
Proposta do programa
O programa terá um fundo próprio que irá proporcionar o “Pagamento por Serviço Ambiental (PSA)”, que será gerido pelo CNC. As entidades envolvidas estão em busca de parcerias com instituições públicas e privadas afim de colocar em prática as ações propostas.
“Essas parcerias irão dar suporte na implantação do projeto e gratificação dos produtores que aderirem ao programa, considerando a participação dos governos estaduais, municipais, estatais, empresas privadas e, claro, nossas cooperativas”, explica Silas Brasileiro.
A razão do fundo é exatamente beneficiar os produtores que decidirem fazer parte do programa. Embora seja conservacionista é de livre adesão. Para isso, conta com um assessor técnico, Devanir Garcia dos Santos, que com sua experiência e conhecimento fará diagnósticos sobre a implantação, assim como o levantamento dos custos que serão compartilhados com os órgãos interessados na preservação do meio ambiente.
Primeiro, o recurso vai bancar a implantação do projeto de recuperação de bacias, mananciais, estruturação de estradas que provoquem assoreamento de rios e córregos, recomposição de matas ciliares devastadas ao longo do tempo, além da recuperação de açudes, entre outros.
O CNC, como representante das cooperativas de produção, busca liderar esse projeto de alcance social e ambiental. O mundo todo se preocupa com o abastecimento do café, desta bebida tão consumida e apreciada por todos, inclusive com sua qualidade.
“Temos claro que os benefícios advindos do uso das boas práticas ultrapassam as fronteiras das propriedades rurais, gerando ganhos para a sociedade, é justo que os custos de produção desses benefícios sejam também divididos com os seus usuários, proporcionalmente a parcela de benefícios que cada um se apropria”, analisa Silas Brasileiro, presidente do CNC.
É importante destacar que o projeto nasceu dentro do Comitê de Sustentabilidade do CNC, que é conduzido por representantes de todas as cooperativas associadas e com coordenação técnica do conselho, por parte da assessora técnica, Natalia Carr. “Ao estruturar um programa com viés ambiental e econômico, o CNC adota uma postura de vanguarda para contribuir com a sustentabilidade da cafeicultura brasileira. Assim, demonstra a contribuição ambiental que o segmento pode dar a população brasileira e, consequentemente, ao mundo, produzindo água e café de qualidade”.
Para o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, as cooperativas e associações devem colaborar no processo de disseminação do projeto que, segundo ele, deve remunerar o produtor. “Precisamos alavancar, divulgar e conscientizar nossos cooperados quanto a importância do programa. Devemos levar isso pra o mundo, criar, inclusive, uma cultura de premiação para os produtores que adotarem o projeto”, destacou.