O Brasil bateu recorde de produção de café em 2020 e de exportação na temporada 2020/21, com aumento de 27,9% e 13,3%, respectivamente, em relação à safra anterior, o que mostra a força do setor para a economia brasileira e consolida a posição do país como maior produtor global de café. Apesar do crescimento desses números ano após ano, nossa maior preocupação é com o trabalhador rural, com aquele que está lá na ponta, faça chuva ou faça sol, está sempre disposto a produzir o melhor café do mundo. As geadas do dia 20 de julho foram as mais severas, fato que não se via há 27 anos. Assim como a seca e a crise hídrica, fatores climáticos do qual não temos controle e que comprometem a safra de café de 2022/23. Entretanto, temos acompanhado a falta de informação de alguns veículos quando o assunto é o produtor rural e não apenas a sua produção. As consequências na produção também têm sido discutidas diariamente pelo mercado, muitas vezes de forma especulativa.
O Conselho Nacional do Café (CNC) tem buscado, incessantemente, soluções que venham amenizar os prejuízos que os produtores tiveram com as intempéries climáticas tomando decisões com fundamentação e análise técnica. As entidades tem trabalhado em conjunto e de forma assertiva desde o primeiro dia do evento climático. A cafeicultura conta com uma estrutura de representação que nenhuma outra cultura tem. O Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) e o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) – que é o banco privado de financiamento ao produtor, em todos os momentos de crise esteve ao lado do cafeicultor e desta vez não foi diferente.
A parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) com o CNC, o CDPC, com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Conselho do Agro, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e a Frente Parlamentar do Café tem traçado soluções para ajudar o produtor a erguer sua lavoura. As entidades já visitaram algumas áreas atingidas pelas geadas, principalmente nos estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo, porém somente após um levantamento de toda área atingida é que vamos poder ter números reais do tamanho das áreas prejudicadas. Para isso, foi contratada a Fundação Procafé, custeada pela OCB, para fazer um levantamento técnico. O relatório, convalidado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), será apresentado em 40 dias.
O CDPC aprovou e o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou o remanejamento de 20% dos recursos do Funcafé, para serem utilizados, exclusivamente, na recuperação de lavouras atingidas pelas geadas. Estamos falando de uma reserva de mais de R$ 1,3 bilhão. O Banco do Brasil também reforçou às ações de apoio ao agronegócio com R$ 10,5 bilhões de recursos adicionais para financiamentos rurais, sendo R$ 1 bilhão para recuperação de cafezais danificados. Mas, como “cada caso é um caso”, como bem disse nossa ministra da Agricultura, Tereza Cristina, devemos aguardar a conclusão do levantamento pela Fundação Procafé das lavouras atingidas para então estabelecer o limite de área e de valor por produtor. Diante dessas eventualidades climáticas só reforça a necessidade do cafeicultor em contratar o seguro rural. Tema que o CNC tem abordado frequentemente a fim de conscientizar sua importância.
Também temos visto especulações sobre maus tratos aos produtores, trabalho análogo à escravidão e desrespeito aos direitos das mulheres. Considera-se à condição análoga à escravidão o trabalhador submetido a trabalho forçado, jornada exaustiva e/ou situação degradante de trabalho. As cooperativas hoje são os que mais tem apoiado o produtor, assim como o CNC que se preocupa constantemente com as condições de trabalho dos cafeicultores. Exemplo disso foram as ações tomadas em conjunto com outras entidades, como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/MG), a fim de orientar e preservar a saúde dos produtores e trabalhadores rurais contra o coronavírus durante a colheita do café. E o que dizer das mulheres cafeicultoras? Mais de 40 mil estabelecimentos agrícolas brasileiros com produção de café são dirigidos por mulheres. De acordo com dados do último Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há um público feminino de 88.700 mulheres dirigindo e codirigindo estabelecimentos com café em todo o Brasil.
Todos os produtores e trabalhadores rurais, homens e mulheres, são extremamente importantes para nossa sobrevivência, pois são eles os responsáveis por trazer o cafezinho de todos os dias à nossa mesa. O CNC, as entidades representativas e as cooperativas respeitam os trabalhadores e trabalham em conjunto em prol de uma cafeicultura cada vez mais competitiva, sustentável e integrada.
Por: Camila Xavier – Assessoria de Comunicação CNC